Água

Água...

fonte: Wikimedia Commons - autor: fir0002 | flagstaffotos.com.au

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A água cobre 71% da Terra, mas apenas 2,5% é água doce. Dessa, 98,8% é gelo ou subterrânea. O acesso à água está cada vez mais custoso e difícil - menos de 0,3% está em rios e lagos. Adicionalmente, começa a ser detectada a contaminação dos aquíferos por venenos agrícolas (é isso mesmo, veneno - a indústria, de forma ardilosa, começou a chamá-los de agrotóxicos, depois defensivos... logo estarão chando de "remedinho", mas é VENENO !!!).


Cultivo de orgânicos e a proteção aos aquíferos

Isto nos leva a um parênteses - urge que se adote, em massa, o consumo de alimentos ditos orgânicos (sem veneno e fertilizantes artificiais). Lembre-se de que o perigo dos venenos agrícolas não é só a intoxicação de curto prazo, mas os efeitos mutagênicos e carcinogênicos (ou oncogênicos) pela exposição acumulada ao longo de anos ou décadas.

Assim, a melhor forma de proteger a água do Planeta é consumir ao máximo produtos ditos orgânicos, mas o que mais podemos fazer, com nossa casa?


Reúso de Água na Residência

Basicamente, existem duas medidas mais comuns a serem adotadas nesse sentido: o Armazenamento de Águas Pluviais (da Chuva) e o Reúso de Águas Cinzas. Na verdade existe o aproveitamento de águas negras por meio de ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Comercial Residencial, mas não nos agradou esta opção.

Águas Negras

Águas Negras correspondem ao esgoto com dejetos humanos. Como dito acima, existem reatores comerciais, ETEs para tratamento de água com este nível de contaminantes. Diz o fabricante que a água sai 80% purificada, podendo ser utilizada para fins não potáveis, como regas e lavagem de chão. O contra é que a ETE requer algum nível de manutenção, inclusive a necessidade de chamar um limpa-fossa uma ou duas vezes por ano. Não precisamos disso para a Eco-oca, porque nossa cidade trata seu esgoto, mas pode ser uma solução interessante para sítios e fazendas. Ou para quem viva em uma cidade sem tratamento de esgoto e queira fazer sua parte.

Tanque de Evapotranspiração (TEvap)

Se o intuito for somente dar uma destinação adequada sem o aproveitamento das águas negras, uma solução interessante é o Tanque de Evapotranspiração (TEvap). Trata-se de uma câmara fechada de digestão anaeróbia com diferentes materiais do fundo para o topo, com granularidade cada vez mais fina (ex.: pedras, brita, areia e terra. Esses materiais filtram a água que sobe por capilaridade, chegando à raiz de plantas de folhas grandes (uma espécie bastante utilizada é a bananeira). Em tese, não sai água nenhuma da TEvap, apenas vapor da transpiração das plantas. Já o material sólido é aproveitado como nutrientes pelos vegetais.

Em regiões onde a quantidade de água que chega ao TEvap é muito pequena, estão experimentando destinar também as águas cinzas, mas alguns especialistas não recomendam que seja feito.

(Veja mais sobre o TEvap na Wikipedia)

Águas Cinzas

As águas de descarte após uso que não contém dejetos humanos ou de animais são as chamadas águas cinzas. Assim, por exemplo, a água dos lavatórios, do banho, da lavagem da louça ou das roupas. Estas duas últimas são mais difíceis de se reaproveitar, por possuírem quantidades elevadas de poluentes específicos. Algumas soluções sugerem o descarte das mesmas.

Na Eco-oca, acabamos optando por retirar as águas cinzas inclusive de previsão para futura implementação. O motivo foi que o projeto hidráulico estava ficando complexo demais e porque não existe solução pronta para tratamento de águas cinzas para residências que seja economicamente viável, até o presente (2012).

A ideia era deixar previstas conexões para uma futura ETE de águas cinzas, mas chegou-se à conclusão de que não valia a pena, porque não haverá uso para a água cinza tratada, uma vez que se optou pelo aproveitamento de águas pluviais (da chuva) e a implementação de cisterna de 20 m3 (20 mil litros) - sim, estou ciente de que está acima da estimativa convencional, mas quero me precaver e garantir para o ano todo. Esta cisterna deve ser capaz de abastecer nosso consumo para rega de jardim e lavagem de chão mesmo com o longo período de estiagem do clima de cerrado de Araraquara.

Existem na Internet várias soluções "caseiras" de ETE de águas cinzas. Na verdade, tratar águas cinzas não é tão complicado, consistindo das seguintes etapas:

1) Filtragem grossa (tela ou grade)

2) Decantação

3) Reator anaeróbio

4) Reator aeróbio

5) Quanto mais vezes se repetirem as etapas 3 e 4, alternadamente, melhor será a eliminação de patógenos.

6) Eventual filtragem (com areia, por exemplo)

7) cloração (com cloro residual, para manter a água o mais asséptica possível)

É comum implementar a etapa 3 com reservatório fechado, com entrada por parte baixa e saída no alto. A etapa 4 pode ser implementada com aerador (bolhas), mas é comum encontrar na Internet quem tenha implementado com um tanquinho, de preferência com plantas aquáticas. Algumas plantas como o aguapé são conhecidas por reter poluentes.

O problema de uma solução caseira é que não conhecemos alguém com experiência e sempre há risco de um tratamento incompleto ou inadequado, além de possível mal-cheiro.


Quando há grande área disponível é possível construir uma wetland para destinar as águas cinzas. Consiste de uma área com uma camada que impede a infiltração no solo, formando lagoas ou canais artificiais rasos com plantas aquáticas. É preciso escolher espécies resistentes e evitar o uso de sabões e detergentes com muita química, além de produtos de utilidade discutível como amaciantes e condicionadores de cabelos.


Outra técnica de tratamento de águas cinzas bastante utilizada por quem possui área suficiente, consistindo de uma vala com britas, troncos pequenos, galhos médios e finos e outros restos vegetais, junto com a terra da própria vala, onde são plantadas algumas mudas de bananeiras (ou outras espécies vegetais). Pode ser necessário usar camadas de argila para retardar a infiltração em solos muito arenosos.

Promove a recarga do lençol freático, reduz o consumo de água de irrigação, diminui o impacto em fossas e os microorganismos decompõem a matéria orgânica (tratamento biológico).

chuva no telhado

fonte: Wikimedia Commons - autor: Edal Anton Lefterov

Águas Pluviais

Esta é a solução mais simples e que produz uma água não-potável de melhor qualidade. Existem soluções comerciais que possuem um custo mais aceitável, o bastante para permitir retorno do investimento em alguns anos. Naturalmente seu uso não compensa em regiões em que o volume de chuva seja muito baixo.

Essas soluções, normalmente consistem de

1) Filtragem grossa (tela, grade, separador de folhas)

2) Descarte de primeiras águas (nem todas as soluções usam esta, alegam que não é necessário se for usada a filtragem e cloração. Particularmente, vamos implementar, porque é muito simples, consistindo de tubo de PVC na vertical com furo muito pequeno na extremidade inferior, que vai permitir o esvaziamento completo do tubo em algumas horas. Assim que começa a chover, as primeiras águas, com maior concentração de impurezas do telhado, cai no tubo, até enchê-lo. Uma vez cheio, a água começa a passar para etapa seguinte. O furo na extremidade inferior garante o esvaziamento em algumas horas, sem representar perda significativa durante a chuva. Achamos que é uma boa ideia e vamos implantar esta etapa, mesmo o fabricante garantindo não ser necessária.

3) Filtragem, possivelmente com areia (nem todos implementam esta etapa).

4) Cloração com cloro residual (recomendada para uso em descargas de banheiros)

5) Adicionalmente, alguns fabricantes utilizam-se de alguns recursos interessantes, como usar uma saída de água da cisterna que fica flutuando, de modo a pegar a água que fica em cima, em tese, mais limpa que o fundo, onde precipitam as impurezas que passarem pelas etapas anteriores.

Algumas considerações

Algumas pessoas vão alegar que aproveitamento de água em residência teria meramente intuito comercial e que, do ponto de vista do ecologicamente correto, não faz muita diferença se quem trata a água é o morador ou a concessionária ou autarquia que trata e a fornece. E que, uma vez que pagamos a conta de água, devemos é aproveitar. Há uma falha clara nesse raciocínio. O reuso de água traz retorno financeiro a médio prazo, portanto já justifica sua utilização. Mas se cada um fizer sua parte, o impacto causado pelo tratamento de água será menor, mais à frente. Vale lembrar que a água não surge do nada. É preciso perfurar poços, coletar água dos rios e todas essas medidas produzem um impacto na Natureza. O reúso de águas pluviais consome pouca energia e causa um grande alívio no tratamento dos esgotos.

Usando uma analogia, não é porque existem garis e pagamos impostos é que vamos passar a jogar lixo na rua. Do mesmo modo, é uma atitude saudável para a coletividade, se você incluir pelo menos o reúso de águas pluviais em sua residência. Some a isso o retorno financeiro e não restam dúvidas de que compensa implementar o reúso de água.

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